STRESS – O impacto na alimentação e no trabalho

06/11/2023
STRESS O impacto na alimentacao e no trabalho

O stress é definido como a perceção individual de que as exigências do ambiente envolvente excedem os seus recursos e capacidades. Assim, o organismo reage ao stress através de uma resposta fisiológica e comportamental, provocando uma sensação de ameaça e perturbando o equilíbrio homeostático e comportamental. O aumento de stress pode ser causado por variados fatores, tais como familiares, profissionais e individuais, por exemplo, sedentarismo e privação do sono.

A resposta do organismo ao stress é explicada por uma cascata de reações. O aumento de stress leva à ativação do sistema nervoso simpático que, por sua vez causa uma reação de fuga ou luta e aumenta a libertação do cortisol. Por sua vez, os valores elevados de cortisol alteram o equilíbrio dos mecanismos de regulação do apetite, podendo levar a um aumento ou diminuição do apetite. É de notar que esta alteração homeostática pode ser ultrapassada por mecanismos de indução de prazer, como a ingestão alimentar. Esta, em conjunto com o aumento do apetite, pode levar a uma ingestão alimentar excessiva, sendo utilizada como coping mechanism.

A alteração na regulação do apetite deve-se à alteração das hormonas responsáveis pela sensação de fome e saciedade. Entre as hormonas mais relevantes é possível destacar a grelina (promove a sensação de apetite), a leptina (promove a sensação de saciedade), a colecistoquinina (promove a sensação de saciedade e atrasa o esvaziamento gástrico) e a GLP-1 (promove a sensação de saciedade e estimula a secreção de insulina). É de salientar que a existência de obesidade atrasa a diminuição da grelina após a refeição e aumenta a resistência à leptina, ou seja, a sensação de fome é mantida durante mais tempo, mesmo após a refeição.

Deste modo, devido à influência a nível hormonal, o stress pode aumentar ou diminuir o apetite e, consequentemente, a ingestão alimentar. Geralmente, o aumento de stress leva a um aumento progressivo da ingestão alimentar, no entanto, quando o nível de stress se torna demasiado excessivo, a ingestão diminui. Esta alteração é verificada tanto em indivíduos com excesso de peso como em eutrofia.

A ingestão alimentar promovida pelo stress aumenta a preferência por alimentos com elevado teor lípido e de açúcar, no entanto, quanto maior a literacia do indivíduo, menor a probabilidade de ingerir alimentos menos saudáveis. Adicionalmente, os episódios de compulsão alimentar derivados do stress podem provocar sentimentos de culpa, aumentando ainda mais o stress e, consequentemente, a ingestão alimentar, criando um ciclo.

O stress pode provocar problemas de saúde. Quando este é crónico, existe uma maior probabilidade de desenvolver alterações do comportamento alimentar. Por sua vez, em casos de stress agudo, há uma elevada probabilidade de ocorrer um aumento da ingestão alimentar e, consequentemente, da incidência de excesso de peso.

Para além da alimentação, o stress também pode ter impactos negativos na produtividade no trabalho. Esta é definida como o resultado da qualidade e quantidade de trabalho efetuada, de acordo com as responsabilidades individuais e depende diretamente da motivação e competência profissional. O stress pode ser útil para promover a motivação, no entanto, se as expectativas forem demasiado elevadas o stress torna-se contraproducente e resulta numa diminuição da produtividade.

Em suma, o stress pode ser benéfico, mas é fundamental que este se mantenha em níveis saudáveis, de modo a não impactar negativamente a saúde e a performance profissional.

Beatriz Boavida (C.P. 4002NE)

Nutricionista Estagiária Solinca Classic

Referências Bibliográficas

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